Em Contagem (MG), Lula denuncia desindustrialização do país

Ricardo Stuckert

Lula denunciou, nesta terça-feira (10), no segundo dia de visita a Minas Gerais, o processo de desindustrialização acelerado do Brasil devido à falta de investimentos do Estado. Ao visitar a cidade de Contagem, forte polo industrial de Minas Gerais, o ex-presidente lembrou que várias empresas automotivas estão fechando ou dando férias coletivas por falta de peças para montar os veículos.

“O Brasil já chegou a ter 30% do seu PIB extraído da sua produção industrial. Caiu para 11%. Contagem ainda tem 21% do seu PIB industrial, o que mostra que aqui ainda tem muita indústria. (…) A verdade é que o Brasil, que já foi um produtor de autopeças, deixou de produzir aqui, e agora a gente está com empresa fechando e dando férias porque não tem chips e não tem peças para montar os carros no Brasil”, analisou (assista à íntegra do evento ao fim desta matéria).

Para o ex-presidente, quando o Estado brasileiro deixa de incentivar a produção de itens essenciais e aposta na importação, o Brasil fica vulnerável a crises internacionais. É o que acontece hoje com a indústria automobilística e também com setores como a agricultura, ameaçada por uma crise de fertilizantes.

Lula também defendeu o retorno dos investimentos para dinamizar a economia, hoje estagnada. “Qual é a lógica do empresário?”, indagou. “Ele faz o investimento e almeja retorno. Ele tem que produzir, vender e ganhar alguma coisa para recuperar o investimento dele. Ele precisa, então, de uma coisa chamada consumidor. Ele precisa que a sociedade tenha recurso para comprar as coisas que ele vende. Quando a pessoa tem recurso e vem aqui comprar, o empresário tem que encomendar da fábrica mais produção. Se ele encomendar, a fábrica vai produzir. A fábrica produzindo, vai gerar mais emprego. Esse emprego gera salário, que gera o consumidor, o comércio vende mais, tem mais emprego, mais salário… E a roda da economia começa a funcionar e todo mundo começa a participar do processo de desenvolvimento do país”, explicou.

E uma das formas de fazer a roda da economia girar é garantindo que a população tenha oportunidade de ter um bom emprego e um bom salário, prosseguiu. “Porque o que o trabalhador quer? A gente quer ter uma casa. Depois, a gente quer ter um emprego, ganhar um salário razoável pra gente poder sustentar a família da gente. O que a juventude quer? Quer ter a oportunidade de estudar, fazer um curso científico, fazer universidade e quer trabalhar, ganhando um salário melhor por conta da sua formação. E quem é que pode ajudar a gerar isso? É o Estado, é o governo.”

 

Por isso, se voltar a governar o país, Lula retomará os investimentos em educação e ciência e tecnologia, dando aos jovens a chance de se qualificar para melhores empregos. “Meninada, numa profissão, estudar é a coisa mais sagrada. Até porque não existe na história da humanidade nenhuma nação que se tornou desenvolvida sem que antes ela tivesse investido em educação, em ciência e tecnologia, para que as pessoas possam ajudar o país a se desenvolver.”

Por fim, disse que caberá ao povo brasileiro se livrar do atual governo, que só tem destruído o país. “Nós já fomos uma nação que era referência, a gente era motivo de orgulho. Nós agora somos tratados como se fôssemos pária porque está tudo errado neste país. Nós temos um presidente desvairado, que só sabe mentir, que só sabe fazer fake news. E não pensem que sou eu quem vai resolver. Levanta a cabeça, porque quem tem que resolver isso é uma coisa chamada povo brasileiro, conclamou.

 

Movimento pelos direitos do povo

Também presente no ato, intitulado Contagem Abraça Lula, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, também ressaltou a importância de o Brasil se livrar de Bolsonaro, principal objetivo do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, lançado no último sábado (7) por Lula e Geraldo Alckmin.

“É um movimento pela democracia, pelos direitos do nosso povo e por quem quer governar de fato este país. Porque hoje o Brasil está sem governo. O Brasil não tem um presidente da República, tem um impostor naquela cadeira, alguém que não se preocupa com o povo, com o desenvolvimento, alguém que deixa o desemprego crescer e deu aos brasileiros o menor salário mínimo dos últimos 28 anos”, afirmou Gleisi.

Legado de Lula em Contagem

Já a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), que também governou a cidade quando Lula era presidente, agradeceu ao ex-metalúrgico por todas as conquistas que seu governo possibilitou ao município, incluindo a construção de um centro de atendimento materno-infantil, a construção de 4 mil casas populares e 16 obras de saneamento básico.

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“Ontem eu fui no ato do Lula e eu reparei bem ele falando que quer ser voz. E ele é voz do nosso povo. E eu, falando tudo isso, fui voz do nosso povo para te agradecer, porque aqui em Contagem nós tiramos muita gente da miséria. Aqui em Contagem, quando você colocou o pobre no orçamento, nós também colocamos o mais pobre no orçamento. Aqui em Contagem, quando fizemos obras de infraestrutura, nós fizemos o desenvolvimento econômico e social do nosso município. Muita gente fala ‘Lula, eu te amo’, e eu também falo. Porque a gente não só reconhece o que ele faz, a gente admira a pessoa que ele é: uma pessoa próxima, presente, afetiva, que ri e chora, mas não perde a força”, disse Marília.

O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado federal Reginaldo Lopes (MG), por sua vez, pediu que a população de contagem e de Minas fortaleça o movimento Vamos Juntos pelo Brasil: “Quero pedir a vocês que esse movimento aqui possa se multiplicar pelas ruas, pelas redes. É o povo que vai levar sua voz pelos bairros, pelas ruas, pelas redes, para a gente fazer com o presidente Lula para a gente fazer um movimento que vai redemocratizar direitos, que vai resgatar oportunidades. Por isso, Lula vai falar pelas vozes de vocês, vai caminhar pelos pés de vocês”.

Da Redação da Agência PT

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