Lula afirmou, nesta segunda-feira (9), em Belo Horizonte, que criou o movimento Todos Juntos pelo Brasil porque acredita que, com a união de todos, será possível desconstruir o Brasil da fome, do desemprego e da injustiça e construir um novo Brasil, aquele sonhado pela maioria dos brasileiros (assista à íntegra do discurso abaixo).
“Eu disse que não quero ser candidato apenas do PT, apenas dos partidos aliados. Eu quero ser candidato de um movimento das pessoas que amam, que gostam de paz, que têm civilidade, que choraram por seus parentes que morreram na pandemia, das pessoas que ficaram desempregadas, dos 19 milhões que estão passando fome, dos 116 milhões que têm algum problema de insegurança alimentar, dos milhões e milhões de brasileiros que saem para procurar emprego todo dia e voltam para casa sem, dos milhões de brasileiros que trabalham por aplicativo sem ter férias, sem ter seguridade social, sem ter descanso remunerado”, disse.
O ex-presidente encerrou seu primeiro dia de agenda em Minas Gerais no ato Lula Abraça Minas, que reuniu os presidentes estaduais e diversas lideranças de todos os partidos que compõem o movimento lançado no sábado passado – PCdoB, PV, Psol, Rede, Solidariedade e PSB, que indicou o ex-governador Geraldo Alckmin para formar uma futura chapa com Lula nas eleições deste ano.
Lula disse que é preciso tirar Bolsonaro do poder para que um Brasil mais feliz volte a existir. “Nós provamos que é possível aumentar o salário mínimo, cuidar da pequena e média agricultura, colocar as pessoas mais humildes da periferia na universidade, nas escolas técnicas, mandar os filhos dos trabalhadores estudarem no exterior. Esse país pode voltar a ser construído, o país que todos nós sonhamos.”
E a reconstrução será coletiva. “O sonho de cada companheira e companheiro é criar sua família em harmonia, é ver seus filhos estudarem e entrarem na universidade, é ver o filho ter um emprego, todos nós tirando proveito daquilo que nós produzimos. Não é possível as pessoas continuarem imaginando que os pobres só gostam de coisa de segunda categoria. Não, agente gosta de coisa boa, a gente quer comer e beber bem, se vestir bem, poder frequentar restaurante. A gente não gosta de carne de segunda, a gente gosta é de carne de primeira. Esse país é possível ser construído e não é por ninguém que venha de Marte. Somos nós, vocês e eu”, garantiu.
“Cá estou eu teimando”
Um alerta feito por Lula foi o de que o movimento recém-lançado terá uma guerra dura pela frente. “Não estamos enfrentando um adversário qualquer. Estamos enfrentando um adversário que representa a antidemocracia, que representa a ignorância, a violência e o fascismo, que nós temos de jogar no esgoto da história, porque o Brasil nasceu para a democracia e para o desenvolvimento”, ressaltou.
E prosseguiu: “Eu quero dizer para vocês que estou de volta, aos 76 anos de idade, e eu tenho uma causa. A minha causa é a gente libertar o povo brasileiro do sofrimento. (…) A minha adorada Dona Lindu, ela falava ‘meu filho, não desista, teime. E cá estou eu teimando junto com o povo de Minas Gerais para que a gente possa conquistar outra vez a independência deste país, a independência do nosso povo, a liberdade do nosso povo, para que ele possa comer, trabalhar, estudar, morar, ter acesso à cultura”.
Lula ainda pediu dedicação de todos para convencer os brasileiros a escolher o caminho da esperança, da democracia, da soberania e da justiça social. “Vocês estão lembrados de que, antes de eu ir para a Polícia Federal, eu disse: se um dia eu não puder pensar, eu pensarei pela cabeça de vocês; se um dia eu não puder andar, eu andarei com a perna de vocês; se um dia meu coração parar de bater, ele baterá pelo coração de vocês; se um dia, minha garganta não puder falar, eu falarei pela boca de vocês. E nós ganharemos estas eleições pela atitude de vocês.”
Os dois lados
Antes de Lula, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann agradeceu aos representantes de todos os partidos que integram o Vamos Juntos pelo Brasil e disse ver o ato em Belo Horizonte como uma continuação do ato de lançamento do movimento em São Paulo, no último sábado.
“Aqui, como lá (em São Paulo), estão aqueles que amam este país, que têm responsabilidade com os destinos do povo, que querem um país para a maioria. Aqui estão aqueles que têm a história da democracia, que ajudaram a combater a ditadura militar, a construir uma nova Constituição e a caminhar pela democracia. Do outro lado, está quem não tem compromisso, quem não sabe nada do que está acontecendo, que não dá resposta para o povo sobre a fome, sobre o desemprego, sobre a carestia. E o povo está cansado e nós temos muita responsabilidade nesse processo para retomar o Brasil para as mãos do povo brasileiro”, comparou Gleisi.
Oportunidades para a juventude
Outro a discursar foi o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), líder da Bancada do PT na Câmara. Lopes disse que é preciso recuperar o Brasil para os brasileiros, especialmente para dar mais oportunidades à juventude. “Sessenta por cento dos nossos jovens querem ir embora do Brasil. E uma nação cuja força motriz quer ir embora, é uma nação condenada ao fracasso”, lamentou.
E antecipou: “Juntos, vamos discutir a transição ambiental, seja no campo, seja na cidade. Nós temos a oportunidade única, ímpar, de fazer uma nova indústria para o país, conectada com a juventude, conectada com o século 21, digital, tecnológica, sustentável. Eu acredito muito que, a partir do seu legado, presidente Lula, vamos voltar a garantir emprego para todos os brasileiros e brasileiras, recuperar os direitos previdenciários e trabalhistas, recuperar a nossa juventude, que neste momento se encontra deprimida”.
Da Redação da Agência PT