Em seu segundo ano de gestão, Ricardo Nunes acumula problemas e uma baixa aprovação. No entanto não apresentou até o momento qual sua visão de futuro para a cidade
Tenho andado muito por São Paulo, e uma coisa que tem ficado cada vez mais evidente, é o abandono da manutenção e zeladoria, principalmente nos bairros periféricos da cidade. Além da questão estética, que desvaloriza a área e mexe com a autoestima das pessoas que ali vivem, esse desleixo também traz problemas relacionados à saúde e segurança pública.
Na cidade de São Paulo, o orçamento atualizado para zeladoria em 2022 é de R$ 1,48 bilhões. Desse valor, apenas 7,9% foram executados em serviços até agora. O resultado é a degradação evidente dos espaços públicos.
Com bom trânsito na Câmara Municipal, o prefeito tem tido sucesso em aprovar medidas pouco populares, como a reforma previdenciária que penaliza servidores municipais, bem como a prorrogação de contratos sem licitação. No entanto, não apresentou até agora um plano para lidar com os principais problemas da cidade. Tanto os históricos, quanto os causados pela pandemia e crise econômica do governo de Jair Bolsonaro, como o aumento 31% de moradores de rua, por exemplo.
A principal marca do mandato do atual prefeito é ausência de projetos, sobrando apenas a recauchutagem de programas de gestões passadas, como o “De Braços Abertos”, de Fernando Haddad.
Já foi diferente
As gestões do PT sempre atuaram nas áreas menos favorecidas da cidade. Elegeram problemas estruturais de São Paulo e passaram a distribuir melhor o recurso e os programas, para que chegassem lá na ponta, onde por décadas não costumava chegar. A principal ação descentralizadora, as subprefeituras, foi tão bem incorporada pela cidade, que perdura até o momento, mesmo em governos não-petistas.
Com infraestrutura e orçamento únicos, a prefeitura de São Paulo sempre teve condições de inovar e propor políticas públicas que serviram de modelo para outras localidades. Vejo com preocupação a principal cidade do país não ter nenhum projeto inovador em um momento tão desafiador como o que estamos vivendo.
O prefeito tem menos de 2 anos para tentar mudar alguma coisa.
*Jilmar Tatto é Secretário Nacional de Comunicação do PT e foi candidato a prefeito de São Paulo pelo partido, em 2020.
**Este artigo foi publicado originalmente pela Revista Fórum.