O campo democrático e progressista do Brasil vive seu melhor momento político desde 2013, pois a possibilidade de recolocar o país na rota da justiça social é real. Mas as forças que se apropriaram daquelas manifestações, deram o golpe e levaram ao atual governo não vão aceitar essa mudança pelas vias democráticas. A análise é de João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Desse modo, alerta o dirigente, a formação de comitês populares de luta deve ser prioridade dos movimentos sociais neste semestre.
“É importante que ainda no primeiro semestre seja priorizada a organização popular. Porque temos de estar juntos contra fake news e maldades do Bolsonaro, mas também para sermos solidários num momento de fome e de dificuldade”
“Então, estamos lançando em todo o Brasil a construção dos comitês populares de luta, para organizar o povo”, afirma. A primeira tarefa dos comitês, explica, é “ouvir o povo” e saber quais são as reais expectativas de mudança da sociedade. “Mas esses comitês precisam existir para defender essas mudanças nos próximos anos, porque se nós estivermos distantes do povo, dificilmente vamos conseguir fazê-las”, observa.
“Portanto, estamos sugerindo que todos os pequenos municípios tenham dois, três ou quatro comitês populares. Que as cidades acima de 50 mil habitantes tenham centenas de comitês e nas capitais, um por bairro. Tudo para se juntar, se organizar e se defender”, explica.
“E coloquem os cintos para os momentos de enfrentamento que vamos ter com a direita raivosa. Se fizeram o golpe, dificilmente vão querer, pelas formas democráticas e vias pacíficas, que a gente volte a ter um Brasil onde o povo esteja no centro do governo”.
João Paulo Rodrigues, do MST, foi recebido por Juca Kfouri no programa Entre Vistas, da TVT. O agricultor e assentado da reforma agrária iniciou a vida no movimento nos anos 1980. A conversa foi ao ar na última-quinta, primeiro dia do Abril Vermelho, mês que marca os 26 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Em 17 de abril de 1996, cerca de 1.500 trabalhadores rurais marchavam em direção a Belém, em protesto pela desapropriação de uma fazenda ocupada por famílias sem-terra. No caminho, 150 policiais militares iniciaram um ataque que resultou em 21 mortos e 79 feridos.
Para João Paulo Rodrigues, a luta travada após Eldorado dos Carajás ajudou na consolidação do MST como principal movimento pela reforma agrária no Brasil. O reconhecimento ajudou também a consolidar o movimento como um dos mais importantes produtores agroecológicos do mundo. Há quase um mês, uma polêmica nas redes sociais acendeu o debate sobre o uso dos acessórios do movimento por pessoas que não integram o grupo. João Paulo explicou que o MST não é contrário ao uso dos itens, mas sim que apoia e comemora a solidariedade demonstrada por aqueles de fora da entidade.
O importante é o programa
Ao falar também da estratégia eleitoral para 2022, João Paulo afirma que, mais importante do que a aliança entre Lula e o ex-tucano Geraldo Alckmin é o programa de governo que será proposto. Desse modo, cita mais uma razão para a importância dos comitês populares: incluir o povo na construção desse programa e na defesa de sua execução.
O dirigente convoca a população para o próximo ato pelo “Fora Bolsonaro”, marcado para o próximo sábado, dia 9 de abril.
O Entre Vistas vai ao ar toda quinta, às 21h30, na TVT, canal 44.1 para Grande São Paulo. A íntegra dos programas anteriores está disponível no canal da rede no YouTube.
Via Rede Brasil Atual