Jair Bolsonaro é mesmo inimigo dos mais pobres e insiste no ataque à política de valorização do salário mínimo, uma das maiores conquistas da classe trabalhadora durante os governos Lula e Dilma.
Em novembro passado, o atual governo estimou que a inflação fecharia o ano em 10,02% e determinou que esse seria o reajuste do mínimo, que, em 1º de janeiro, passou a valer R$ 1.212.
Porém, na última terça-feira (11), o IBGE anunciou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechou 2021 em 10,16%. Ou seja, ao reajustar o salário mínimo, o governo não só se recusou a dar um aumento real como nem sequer repôs a inflação.
Questionado pelo site G1 se corrigiria o erro e anunciaria um novo valor para ao menos repor a inflação de 2021, o Ministério da Economia desconversou. “Historicamente, a diferença, seja negativa ou positiva, entre a estimação e o dado realizado do INPC é restabelecida na composição do salário mínimo do ano posterior”, afirmou, em nota.
Lula e Dilma sempre deram aumento acima da inflação
A política de valorização do salário mínimo foi uma das ações que mais contribuíram para o aumento da renda dos trabalhadores durante os governos do Partido dos Trabalhadores. Desde o primeiro reajuste que lhe coube, o do salário vigente em 2004, Lula garantiu um aumento acima da inflação.
Em 2008, após negociação com as centrais sindicais, a política de valorização ganhou regras claras. A fórmula previa um mecanismo de valorização que repunha as perdas inflacionárias pelo INPC e concedia aumento real de acordo com o crescimento do PIB referente ao ano anterior.
O modelo não só foi seguido como transformado em lei por Dilma Rousseff, o que garantiu um aumento real de mais de 70% entre 2003 e 2016. Não houve um ano dos governos Lula e Dilma que o piso nacional não tenha sido reajustado acima da inflação (veja gráfico abaixo).
O golpe de 2016, porém, interrompeu essa importante conquista dos trabalhadores. Ao determinar o valor do mínimo em 2017, Michel Temer nem repôs a inflação, com reajuste de 6,48%, ante uma inflação de 6,58%. O mesmo aconteceu em 2018. Já em 2019, Temer deu um aumento real de 1,14%.
Após chegar a Presidência, Bolsonaro reajustou o piso salarial em 2020, 2021, e, agora, em 2022. Em nenhuma das vezes, concedeu aumento real, praticando, no máximo um arredondamento de alguns centavos para cima.
Da Redação da Agência PT