Charles Gentil: Mais Jornalismo e Menos Sordidez

Em artigo intitulado Menos Demagogia e Mais Saúde publicado no sábado (01/01/2022), o jornal Estadão evidencia não só a decadência de certo tipo de noticiário nacional, sua falência retumbante e irreversível, mas também que, no estertor de seu suspiro derradeiro, definha em pura desinformação este jornalismo retrógrado e caduco, primando – já próximo do túmulo – pela falta de ética e animosidade depravada.

E, de fato, o texto é, sim, de uma indecência conservadora radical; ao abordar o Programa Mais Médicos, não se constrange ao declarar a inverdade de que: o intuito da implementação do Programa teve como um de seus propósitos “financiar a ditadura cubana”.

Mas, esta suposição do jornal Estadão, exprime menos o despreparo do autor do texto e mais a falta de boa-fé e, portanto, a malícia intrínseca daqueles que simulam fazer o bom jornalismo quando, na verdade, prestam um desserviço a população, uma vez que, buscam moldar a opinião das pessoas, de acordo com seu viés ideológico eivado de ódio e preconceito.

No entanto, sabe o autor que a cooperação internacional, no caso com Cuba, como a que foi buscada pelo Programa Mais Médicos, para o enfrentamento dos dilemas da Saúde no Brasil foi uma iniciativa arrojada, para além do receituário previsto pelo estreito e fraudulento nacionalismo burguês.Acontece que a aproximação com Cuba, não é desejada por aqueles que tem sua visão de mundo colonizada pelos Estados Unidos e para defenderem este vínculo de servidão voluntária, se refestelam em desinformar o cidadão de bem buscando inspirar nele, o ilusório temor pela “cubanização” do Brasil.

E aqui a depravação jornalística de alguns copula com a própria falta de ética, para parir: a fake news. Dizer que o Programa Mais Médicos tinha como intenção “financiar a ditadura cubana” , cubanizar o Brasil ou mesmo que a gestão de Bolsonaro na Saúde é “uma réplica exata da gestão petista na Saúde”, tanto que ambos são marcados por uma “oscilação ininterrupta entre incompetência e demagogia” são afirmações que tornam evidentes, que o jornal Estadão se perverte a cada dia, e nesta marcha irresistível para o declínio, transforma-se numa fábrica de mentiras, que ainda insiste em produzir a cultura do ódio contra o legado do Partido dos Trabalhadores.

Por isso, em seu artigo Menos Ódio e Mais Compromisso com a Saúde Pública, Alexandre Padilha, em réplica a este Editorial do Estadão, elenca aspectos positivos do Programa Mais Médicos do ponto de vista técnico e que negligenciados pelo jornal, mas devidamente apreciados pela Fundação Getúlio Vargas-FGV, desconstrói – sob minha ótica – a fake news perversa, de que tal Programa equivale ao Médicos Pelo Brasil, de Bolsonaro.

Por exemplo, entre os fatores técnicos que franqueiam uma avaliação da eficácia da performance do Programa Mais Médicos, tem-se que ele:

  • garante pela primeira vez médicos em todas as áreas indígenas do país, áreas remotas, regiões mais pobres.

Portanto, não há termo de comparação possível,sobretudo na Saúde, entre a gestão petista e a gestão bolsonarista que, aliás, o próprio Estadão se vê forçado a reconhecer, que o Programa Médicos Pelo Brasil, desde 2019 quando foi lançado encontra-se,no entanto, inoperante, enquanto – e é preciso denunciar – o êxito do Programa Mais Médicos foi interrompido por Michel Temer gerando um caos na saúde coroado com o governo de Bolsonaro.

Tem-se,então, de forma deliberada, uma verdadeira “mixórdia demagógica” por parte do Estadão, e com a confusão que lhe é inerente, visa assim, confundir seu leitor.Daí porque, se compraz em enganar o cidadão de bem, ao buscar fazê-lo crer que petismo e bolsonarismo não se diferenciam.

Na verdade, não conseguindo a imprensa golpista liquidar a polarização no país, uma vez que, não revelou a tão prometida competência para riscar o PT do mapa político do Brasil, agora, se empenham em suprimir de forma artificial a polarização política, por meio da convicção de que ela não existe e na medida em que, dizem: petismo e bolsonarismo não são extremos, mas apenas faces da mesma moeda.

Com isso, cogitam dar a cada dia, mais musculatura para esta fake news, difundida à exaustão pela mesma imprensa, que optou pelo bolsonarismo devido o fato deste ser diferente do petismo; por este não representar o suposto perigo de cubanização do Brasil; porém, isto torna ainda mais claro, que o Estadão tão somente não tem compromisso com a verdade, mas apenas interesse na colaboração com a montagem de uma estratégia eleitoral forjada ainda com a pretensão, se não de abater, ao menos enfraquecer, o Partido dos Trabalhadores.

Desta forma, o artigo de Alexandre Padilha auxilia muito na compreensão de que chegamos a um ano novo, mas com a manutenção de métodos do ano velho, ainda sendo utilizados pelo Estadão visando acender as labaredas do ódio contra o PT, daí porque o uso de termos como “descubanização”, de ideias como “financiar a ditadura cubana”, de sugerir uma conspiração ou buscar inspirar o terror nas pessoas pela ideia de que um fantasma ronda o Brasil, são – penso – fake news que devemos denunciar e combater.

Ao invés de se preocupar com fantasmas, o Estadão deveria ter os pés bem fincados no chão; deveria ter a dignidade de pensar a grandeza do Brasil e de seu povo com imensos desafios reais a serem superados pós-Bolsonaro.Mas, o Estadão é o exemplo de imprensa, prestes a envergar um paletó de madeira; e quando estiver definhado de todo este corpo jornalístico perverso e sem ética, irei depositar na urna fúnebre um buquê de flores com os dizeres:

” Esse discurso da conspiração fantasmagórica, de quem é inoculado pelo vírus do ódio, não terá espaço em 2022. Teremos grandes desafios para 2022, como: reconstruir o SUS, resgatar o sistema público de saúde e esses passos só serão alcançados com resgate da ciência, à luz das evidências científicas, do compromisso com a saúde pública, com paz, tolerância e respeito”

Somente assim teremos:

Mais Jornalismo e Menos Sordidez ou Menos Ódio e Mais Compromisso com a Saúde Pública

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro

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