“A única eleição roubada foi a do Bolsonaro”, diz Lula

Ricardo Stuckert

O presidente Lula alertou nesta terça-feira (6), em entrevista à rádio Salvador FM, da Bahia, que Bolsonaro busca apenas tumultuar o processo eleitoral ao fazer a defesa do voto impresso e colocar em dúvida a urna eletrônica.

“Voto impresso é voltar à época dos dinossauros. Vamos ser francos: se fosse possível roubar com o voto eletrônico, eu teria sido presidente da República neste país? Eu teria ganho duas eleições? A Dilma teria ganho duas eleições? O Haddad, depois da campanha de ataque ao PT, teria tido 47 milhões de votos? Eu acho que não”, argumentou Lula (assista à entrevista abaixo).

Na avaliação de Lula, o voto eletrônico se mostrou confiável nos últimos anos e não há uma só prova de que esse sistema foi fraudado alguma vez. “É importante lembrar que eu era contra o voto eletrônico, mas fiquei favorável porque ele permitiu que, pela primeira vez, um metalúrgico chegasse à Presidência da República deste país. Ele permitiu que uma mulher, que tinha sido presa política, fosse presidenta deste país. Não precisamos mexer no que funciona. Até hoje não tem uma única prova de roubo em voto eletrônico”, disse.

“Na hora que precisar, podemos mudar (o sistema de votação), mas mudar a pretexto de criar confusão como quer fazer o atual presidente? Não sei se vocês percebem, mas o atual presidente conta mais de quatro mentiras por dia. Ele vive disso. Ele não vive de governar. E agora inventou que, se não for voto de papel, a eleição vai ser roubada. A única eleição roubada foi a dele. A dele foi roubada porque foi feita na base do fake news, porque foi feita na base da mentira, não teve nenhum debate. Então, não se inventa e não se brinca com o povo como esse cidadão está brincando, de forma desrespeitosa, achando que todo mundo é tonto, imbecil, que só ele é esperto, só ele é malandro, algo próprio da origem dele, de miliciano do Rio de Janeiro”, completou Lula.

CPI da Covid

Em entrevistas anteriores, Lula já havia alertado para a estratégia de Bolsonaro de repetir o que fez Donald Trump, nos Estados Unidos, que até hoje não reconhece a derrota. E Bolsonaro aumentou as críticas ao processo eleitoral após a CPI da Covid revelar indícios de corrupção no governo.

Para Lula, a CPI tem feito um bom trabalho, que pode levar, caso as suspeitas sejam provadas, à interdição do governo Bolsonaro, seja via Congresso, seja via o Supremo Tribunal Federal. “Estamos vendo agora que a demora na vacina aconteceu porque houve uma intromissão indevida, feita por pessoas indevidas, para ganhar dinheiro às custas da vacina. Não tem nada mais triste, mais deprimente, para um país que está precisando de vacina e com muita gente que morreu por falta de vacina”, observou.

“A CPI está indo no caminho certo. E acho que, se for provada a corrupção, como tem acontecido, obviamente tem a orientação do presidente da República, porque o Ministério da Saúde não tomaria essa decisão sem consultar a Presidência da República. Não sou daqueles precipitados, mas acho que, na hora em que você provar que tem a corrupção, é preciso interditar a governança do Bolsonaro. Não sei se através da Suprema Corte, se através do Congresso Nacional, com o impeachment”, completou Lula.

Para o fundador do Partido dos Trabalhadores, “é evidente que teve muita falcatrua nessa questão da vacina”. “Tem reverendo querendo comprar vacina, tem farmacêutica querendo comprar vacina, tem pessoas na Secom querendo comprar vacina. Eles fizeram quase que um mercado livre de pessoas ligadas ao governo para comprar uma vacina que deveria ser comprada pelo Ministério da Saúde. A CPI mexeu num vespeiro e vai sair muita coisa daí”, previu.

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