Charles Gentil: Carta Aberta ao Digníssimo Presidente da República Federativa do Brasil

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Carta Aberta ao Digníssimo Presidente da República Federativa do Brasil

São Paulo, 30 de Junho de 2021

Ao

Excelentíssimo Senhor Presidente da República

Jair Messias Bolsonaro

Assunto: ULTIMATO – Renuncia do cargo de mandatário da nação.

Senhor Presidente,

Como é de conhecimento público, não há nada mais detestável do que o governo de Vossa Excelência. E a cada dia que passa torna-se ainda mais revoltante viver sob condições tão adversas.

Que fique claro: A República Federativa do Brasil precisa ser libertada de Vossa Excelência. Não há outro antídoto para o país voltar a ser feliz, que não seja o afastamento imediato do cargo que Vossa Excelência, desgraçadamente, assumiu após o pleito de 2018.

Peço por obséquio, que Vossa Excelência se digne a renunciar ao cargo de Chefe do Executivo, no justo e correto entendimento, de que – para o brasileiro – Vossa Excelência não reúne as qualificações mínimas de um autêntico Chefe do Executivo e está muito aquém de ser portador, da mais elementar sensibilidade social, no trato com os filhos e filhas desta pátria.

Hoje, no Brasil, é público e notório, que há mais de 14 milhões de desempregados e estes índices certamente aumentarão.

A economia não é impulsionada, o que resulta em alta de preços; a inflação, aos poucos, corrói o poder aquisitivo; sem a valorização do salário mínimo, o empobrecimento coletivo se instaura: a fome e a miséria já ressurgem no país e, em breve, há a perspectiva de que uma recessão sem precedentes gere ainda mais sofrimento ao povo brasileiro.

Sucintamente, o cenário retratado expõe o motivo pelo qual Vossa Excelência, não se constitui em um autêntico estadista, uma vez que, tal condição recai naquele mandatário, que logra êxito na administração da vida das pessoas.E, francamente, Vossa Excelência, ao contrário, produz apenas desordem e retrocesso.

E, se fosse o caso de ser rigoroso, o descumprimento deste quesito por si só seria suficiente, para apelar a razão (se alguma houver ) de Vossa Excelência, objetivando, com isso, que possa – de bom grado – acolher, e com generosidade, o repúdio que o povo lhe devota sendo, por isso, até mesmo – e ainda que por prudência – que Vossa Excelência, acate prontamente o convite da maioria dos brasileiros para que: renuncie ao cargo de Chefe do Executivo.

Não obstante, há ainda um outro marcador político deverás relevante, e que descredencia Vossa Excelência, a reivindicar manter-se na condição de Presidente da República Federativa do Brasil, refiro-me, portanto, a sensibilidade social: conditio sine qua non, para o exercício da correta governança.

Mas, quando os povos nativos do país são homenageados com bombas de gás lacrimogêneo, gás de pimenta e bombas de efeito moral, apenas por manifestarem-se – ainda neste mês de Junho – , contrários a PL 490 que, aliás, se constitui em um atentado frontal, ao direito de demarcação das terras dos povos originários, o que pensar de um governante que, por negligência, omissão ou de forma deliberada, renuncia abominar a referida incursão violenta? e demonstra de maneira vil, ser dócil e sensível aos interesses econômicos das mineradoras; então, Vossa Excelência – creio – certamente, compreende o que digo, não é mesmo?.

Aliás, Vossa Excelência com escárnio e sangue frio, tem reiteradas vezes, inclusive, tratado com desdém criminoso, o luto dos familiares das vítimas da Covid-19.

Como se não bastasse, ter renunciado adotar as precauções de segurança sanitária – embora houvesse tido tempo hábil para fazê-lo – a fim de minimizar no país, o impacto da contaminação pelo novo coronavírus, não bastasse isso, Vossa Excelência, em flagrante e supremo desrespeito simulou estar acometido por falta de ar, em nítida referência ao sofrimento daqueles que, antes de sucumbirem perante a moléstia, foram torturados pela asfixia, em função do irreversível debilitamento pulmonar.

Daí porque, observo a Vossa Excelência, que além de ignominiosa, tal performance teatral é tanto mais revoltante, quanto desprezível, na medida mesma em que, apercebe-se com nitidez ser Vossa Excelência, medíocre como ator e ainda pior, como Presidente.

Por isso, aqui, cabe a mim um esclarecimento altivo: ao denunciar os maus feitos de Vossa Excelência, não atenho-me, no entanto, a questões pífias de natureza pessoal.Não crítico as indecências de Vossa Excelência, senão para denunciar e expor a céu aberto, as indecências de todo um sistema de opressão, do qual Vossa Excelência é símbolo e esperança.

E se me insurjo contra a insensibilidade social de Vossa Excelência é porque a insurreição do livre pensar contida nesta epístola,hoje, é o amanhã de um levante libertário; deste porvir feliz contra o pensamento escravocrata, colonizador, antipatriota e conservador, do qual Vossa Excelência é uma expressão vergonhosa e, justamente, por ser uma peça de toda a engrenagem deste sistema vergonhoso de servidão, o qual combato: combatendo, Vossa Excelência.

Daí porque, ao requisitar que Vossa Excelência renuncie a pretensão de governar, com isso, requisito – e não de forma utópica, nem ingênua – que o próprio sistema de exploração renuncie as suas pretensões de oprimir.

Sendo assim, e tendo elencado tão somente um e outro fato, mas que se constituem em evidências robustas e suficientes, de que Vossa Excelência carece tanto dos fundamentos das virtudes que resultam em um vero estadista, quanto em Vossa Excelência ausente está o mérito de portar a imprescindível sensibilidade social, para enquanto governante, não só ser suscetível ao clamor do povo, bem como manter-se de prontidão a todos os seus urgentes reclamos.

Enfim, pela ausência indisfarçável e incontornável em Vossa Excelência, no que tange a estes requisitos da arte de bem governar e por ser notório que, cada um de nós, brasileiros, devota a Vossa Excelência, a mais sincera repulsa e considera mesmo indigno ser governado por um genocida contumaz e incorrigível, como nem mesmo – ainda que se empenhe – Vossa Excelência logrará êxito, em admitir o contrário.

Então, considerando ainda que Vossa Excelência, entre outros atributos imprescindíveis a um bom e útil governante renunciou – ao pilar que sustenta todas as outras virtudes heróicas – , a saber: o bom senso; entendo, por isso, a fim de abreviar o sofrimento de cada brasileiro, ser justo, prudente, oportuno e,inclusive, honesto, recomendar-lhe vivamente, antes que desalojemos Vossa Excelência, por meio das ruas ou por meio das urnas, que – ainda que por instinto – Vossa Excelência acolha e sem reservas este ultimato; esta decisão irrevogável do povo brasileiro soberano: a de que, em três meses, Vossa Excelência deve:

          RENUNCIAR.

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro. Integrante do Democracia e Luta. Coordenador do Comitê Popular Antifascista Ponte Rasa Pela Democracia e Lula Livre.

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