Se continuar nesta toada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá subir a rampa do Planalto no dia 1º de janeiro de 2023. É o que aponta a pesquisa IPEC divulgada nesta sexta-feira (25) que mostra o candidato do PT com 49% das intenções de voto, com 11% a mais que a soma dos seus possíveis adversários.
Inclusive o genocida Jair Bolsonaro amarga uma segunda posição, com apenas 23% de eleitores que pretendem votar nele. Lula parece ser agora quase uma unanimidade e até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB/SP, de partido rival, parece ter jogado a toalha e já admitiu que poderá votar no petista contra Bolsonaro, por ser a única opção para derrotá-lo.
Lula consegue provar aos poucos que foi vítima de uma grande armação e injustiça, que lhe rendeu 580 longos dias de prisão e no imaginário popular, depois de ter passado por todo seu calvário (com a morte da esposa, irmão e neto) onde lhe impingiram a desleal pecha de “ladrão”, o povo finalmente parece ter se dado conta do que amaram contra ele e não somente reconhecer a honestidade do ex-presidente, como a qualidade infinitamente melhor do seu governo.
Tudo podia ser um céu de brigadeiro para Lula se não fosse todo o ambiente de pretendentes a um novo golpe que ainda paira no país apodrecido pelo fascismo miliciano. Bolsonaro parece que dificilmente sairá das cordas e não há chances de se reerguer. O país afunda na mais grave crise política, social, sanitária, econômica de sua história, regado ainda por um escândalo de grandes proporções com a compra de vacinas indiana, Covaxin, adquiridas a preços superfaturados, com a aquiescência do presidente e para favorecer um aliado.
Como bem analisou o jornalista Pio Redondo, profissional com passagens pelas principais redações do Brasil e exímio conhecedor dos corredores da política sobre a sessão da CPI da Pandemia, ocorrida nesta sexta-feira: “Um dia pra não ser esquecido, a data de hoje (ontem), em que todo o discurso moralista de Bolsonaro desmoronou ( e quem sabe seu governo).
Bolsonaro não mandou investigar o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados, ex-ministro da Saúde do governo Temer, que fez uma emenda parlamentar que favoreceu a importação da Covaxin pela Precisa Medicamentos, de empresário envolvido em escândalos (desde o governo anterior).
Em março, Bolsonaro foi avisado do esquema pelo deputado aliado Luiz Miranda e disse que sabia que “era rolo de Barros”, o mesmo que ‘irriga’ o apoio do Centrão ao governo.
“Vou acionar o Diretor-Geral da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave”. Mas só hoje Bolsonaro tomou a providência, depois do caso estourar na CPI.
Então, como é que os militares de alta patente vão assinar embaixo desse trambique descarado, enquanto milhares de brasileiros estão morrendo por falta de vacinas?
Como os apoiadores de Bolsonaro vão justificar os arroubos alucinados do presidente contra a imprensa, a prevenção ao Covid se, ao mesmo tempo, ele prevaricou e agiu pra encobrir um grande esquema de desvios de recursos da Saúde, do SUS, que envolve seu líder no Congresso”?
Inferno astral
Mas o perigo se encontra exatamente neste aparente inferno astral que Bolsonaro enfrenta e já há vozes poderosas que pretende limá-lo do cargo. O site Congresso em Foco traz reportagem assinada pelo jornalista Helio Doyle, com o título “Militares, empresários conspiram para tirar Bolsonaro das eleições”.
Aparentemente, o psicótico capitão reformado já não agrada nem dentro do seu próprio público e a ideia é defenestrá-lo. Mas, ao realizarem este ato, mais nada se tornará previsível no Brasil e os resultados podem se tornar ainda mais nebulosos.
As oposições devem continuar a campanha de desgaste de Bolsonaro, que a estas alturas nem precisa de muito esforço para se enforcar. O país já encontra dificuldades com ou sem o capitão reformado no comando do governo.
É necessário sim lutar não só pela saída do genocida, mas para que também se cumpra a legalidade constitucional, com eleições limpas em 2022. Lula poderá ser a grande saída conciliatória para este imbroglio político, mas é necessário também que se impeça novas aventuras golpistas. E esta garantia quem dará é a força do povo nas ruas.
Todos nas ruas no dia 3 de julho. A data foi antecipada.
#forabolsonaro
Simão Zygband é jornalista com passagem pelas TVs, jornais, rádios e assessorias de imprensa parlamentar e de administrações públicas. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Em fevereiro de 2020, lançou o livro “Queimadas da Amazônia – uma aventura na selva”. É conselheiro eleito do Plano Municipal do Livro, Literatura, Leitura e Bibliotecas de São Paulo (PMLLLB)