Ao perder o ator Paulo Gustavo para a Covid-19, o Brasil perdeu, na noite de terça-feira (5), um de seus maiores símbolos de alegria, humanidade, tolerância e amor à família. Internado desde 13 de março em um hospital do Rio de Janeiro, o humorista não resistiu à doença, que já tirou a vida de mais de 412 mil brasileiros.
Nascido em Niterói (RJ), o ator se tornou um dos maiores nomes da história do humor brasileiro, graças à personagem Dona Hermínia, que criou inspirado pela mãe, Déa Lúcia Vieira Amaral, e outras mulheres da família. Após fazer sucesso no teatro, Paulo Gustavo levou seu alter ego ao cinema, sendo assistido por mais de 22 milhões de pessoas na trilogia Minha mãe é uma peça.
Com muita leveza, fazendo rir, Paulo Gustavo levou a essa multidão uma lição de tolerância e respeito, quando, na terceira parte da saga, Dona Hermínia faz um discurso emocionado de amor, superação dos preconceitos e aceitação do filho Juliano, quando ele se torna noivo de um homem. O filme detém o recorde de maior bilheteria da história do cinema nacional, com renda bruta de R$ 143,9 milhões.
“Esse momento do casamento trata de uma coisa maior: o orgulho que essa mãe sente ao ver o filho seguir o caminho do amor e casando com quem ele ama! Sendo quem ele quer ser!”, explicou o ator, pelas redes sociais, em 2019. “Sou gay, casado há 6 anos com Thales, meu marido, e somos muito felizes! Agora temos 2 lindos filhos e sou rodeado de amor! E é esse amor que eu quero espalhar pelo mundo!”, completou, referindo-se ao marido, o dermatologista Thales Freitas, e aos filhos Gael e Romeu.
Paulo Gustavo não se dizia militante nem político, mas nunca deixou de se posicionar em defesa de um mundo mais justo, seja por meio da arte e do seu exemplo de vida, seja por meio do apoio a projetos sociais. Em dezembro de 2020, ao encerrar um especial de fim de ano da Rede Globo, fez uma defesa da cultura e lembrou que, atualmente, “rir é um ato de resistência”. Após a morte do ator, o padre Júlio Lancellotti revelou que Paulo Gustavo doou R$ 1,5 milhão para as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). “Que na sua infinita misericórdia o Senhor o acolha”, desejou o sacerdote, um dos principais defensores dos mais pobres e excluídos do Brasil.
Logo após a notícia de seu falecimento, Paulo Gustavo passou a ser homenageado pelas mais diversas personalidades brasileiras, de várias áreas, e por seus milhares de fãs, que se uniram em uma corrente de orações e pensamentos positivos enquanto o ator estava internado. “O povo brasileiro, que encheu os cinemas para rir com Paulo Gustavo, está de luto”, observou o cantor e compositor Caetano Veloso. “Somos sortudos por ter tido você”, escreveu a atriz Taís Araujo.
Redação da Agência PT