Para salvar a economia, é preciso imunizar toda a população brasileira primeiro, defendeu o ex-presidente Lula, em entrevista exibida pela rede americana CNN, nesta quinta-feira (18). Na conversa com a âncora Christiane Amanpour, Lula criticou duramente o governo de Jair Bolsonaro por deixar que milhares de brasileiros morram diariamente após contrair Covid-19. Na avaliação do ex-presidente, Bolsonaro simplesmente não governa e, por isso, o Brasil está sendo levado à ruína.
“Temos muitos desempregados, gente passando fome. No meu governo, nós havíamos acabado com a fome no Brasil, algo que foi reconhecido pelas Nações Unidas”, destacou Lula. “Infelizmente a falta de responsabilidade daqueles que comandam o país hoje, o que é muito parecido ao que Trump fez nos EUA, está levando o Brasil à miséria. Temos que discutir a sobrevivência do nosso povo”, alertou.
Na avaliação do ex-presidente, o desgoverno de Bolsonaro arrasou o país economicamente ao mesmo tempo em que o transformou em epicentro mundial da pandemia. “É lamentável, o Brasil chegou a ser a sexta maior economia do mundo e caiu para 12º”, observou. Para sair da crise, Lula sustenta que “é preciso mudar a base monetária do país, investir no sistema de saúde, colocar uma parte do orçamento para ajudar pequenos e médios negócios, investir em obras de infraestrutura para gerar empregos”.
Bolsonaro, pai das fake news
Mas Bolsonaro, argumenta Lula, ao invés de comandar o país, se ocupa de espalhar mentiras pela internet enquanto o povo passa necessidades.
“Se Bolsonaro falasse a verdade, para recuperar a economia, a primeira coisa que ele faria seria garantir vacinas para todos os brasileiros. A única garantia que o povo tem para sobreviver ao ataque da Covid-19 é a vacinação”, disse Lula, lembrando que Bolsonaro substituiu três ministros da Saúde em um ano sem ter dado ouvidos à ciência.
“Ele prefere acordar às quatro da manhã, contar suas mentiras pelo celular, pelas redes sociais… Produz fake news como nunca vimos na história do Brasil”, constatou Lula.
SUS, referência internacional
Lula comentou os recentes alertas, levados ao ar pela âncora, da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre os perigos que o Brasil representa ao combate global à pandemia. Ele lembrou que Sistema Único de Saúde (SUS) já foi uma referência internacional em campanhas de vacinação e teria, portanto, todas as condições de enfrentar o desafio de imunizar a população caso não tivesse sido desmantelado.
“É muito importante lembrar que o Brasil vacinou, durante a gripe H1N1, 83 milhões de pessoas em três meses. O Brasil tem o maior programa de vacinação do mundo, mas acontece que destruíram o sistema de saúde nos últimos anos com a retirada de investimentos”, ressaltou o petista.
Falta liderança mundial
Lula também frisou que falta liderança mundial na gestão da crise global e sugeriu ao presidente Joe Biden reunir o G-20 para discutir vacinação e igualdade na distribuição dos medicamentos.
Todo mundo está pensando em si mesmo. Nós somos 7 bilhões na Terra e estamos produzindo 2 bilhões de vacinas, o que significa que há 5 bilhões de seres humanos que não terão vacina”, argumentou o ex-presidente, para quem as vacinas devem ser consideradas um bem público e não um instrumento para gerar lucros às empresas. “Há uma saída, mas é necessário que os políticos assumam suas responsabilidades”, cobrou Lula.
Anulação das condenações
Falando sobre os desdobramentos jurídicos que virão na esteira da anulação de suas condenações, Lula reafirmou não temer a Justiça. “Não tenho problema em ser julgado novamente”, disse Lula. “O que aconteceu no meu caso foi a maior farsa jurídica montada em 500 anos de história do Brasil” e “organizada por uma gangue montada para assaltar a Petrobras”.
“Veja, não podemos confundir o combate à corrupção – e temos que combatê-la – com uma vontade política de destruir minha imagem e do meu partido”, frisou Lula, lembrando que, “neste momento, só há um brasileiro que quer saber a verdade e somente a verdade: eu”.
Da Redação da Agência PT