Com a queda de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB), divulgada nesta quarta-feira (3), o Brasil deve sair do grupo das dez maiores economias do mundo e cair para a 12ª posição, ultrapassado por Canadá, Coreia do Sul e Rússia.
Em dezembro de 2011, primeiro ano de Dilma Rousseff, o país havia ultrapassado o Reino Unido e se tornado a sexta maior economia do planeta. Em 2010, chegara à sétima posição sob Luiz Inácio Lula da Silva, com alta anual de 7,5% – até hoje melhor resultado da série histórica iniciada em 1996.
“Fica muito claro que o Brasil tem algum problema crônico e interno. É uma questão doméstica muito grave, que atribuo aos problemas que existem na gestão do Executivo e do Congresso, conflitos que persistem ao longo do tempo”, avalia o economista-chefe da agência Austin Rating, Alex Agostini.
Pautas-bomba
A perda de 2020 superou os recuos de 3,5% e 3,3% registrados respectivamente em 2015 e 2016, exatamente o período em que foram aprovadas no Congresso as pautas-bomba implementadas pela confederação de interesses formada em torno da derrubada da presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff (PT), afastada em maio de 2016 – o início da “gestão” do usurpador Michel Temer.
“2020 tem uma coisa muito particular, que é uma pandemia na qual a economia foi desligada. Mas é preciso lembrar que a economia não vinha bem”, analisa o coordenador do Monitor do PIB do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/ FGV), Claudio Considera.
Segundo o economista, mesmo sem contar 2020, entre 2011 e 2019, a economia registrava crescimento médio de 0,7% ao ano. Se o país tivesse crescido no ano passado os 2% que o mercado previa antes da pandemia, a década teria avanço médio de 0,9%. Com o resultado desta quarta, o crescimento médio anual é de 0,3%. “Ou seja, temos um desastre total em qualquer situação, com ou sem pandemia”, conclui o economista.
Estímulo
No período 2001-2010, a variação média foi de 3,7%, mesmo sob influência da crise financeira internacional de 2008, ainda no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Lula e Dilma deram uma reposta à crise de 2008 que foi entendida à época como adequada, com medidas de estímulo à demanda, de gastos públicos e medidas protecionistas, que geraram imediatamente um alívio à recessão que vinha dos Estados Unidos”, lembra o economista Vinícius Müller, do Insper.
Por Agência PT
FOTO: João Lazzarotto