Por Charles Gentil: Imunização e más intenções

A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) na Primeira Reunião Extraordinária de 2021, de sua Diretoria Colegiada, decidiu, hoje, domingo(17.01) autorizar o uso emergencial em caráter experimental das vacinas Coronavac ( 6 milhões de doses) e Oxford ( 2 milhões de doses).


Tanto um imunizante, quanto outro,embora estejam em fase avançada encontram-se, porém, ainda em desenvolvimento, e, portanto,comportam incertezas quanto a sua real eficácia.


Em relação ao Coronavac produzido no Brasil, em parceria com o laboratório chinês Sinovac Tech, a incerteza refere-se a imunogenicidade, que é a capacidade da vacina em estimular a produção de anticorpos. Neste caso, sabe-se que atende a esta qualidade e há produção de anticorpos, mas ainda não há dados suficientes, que especifique a quantidade destes anticorpos produzidos; por isso, a ressalva à vacina Coronavac, feita pela Anvisa, exige um termo de compromisso, em que até o final de Fevereiro, estes dados deverão ser apresentados.


Em relação a vacina Oxford, ela será, na verdade, importada pela Fiocruz do laboratório Serum, da Índia, e também é desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca( que pretende registrá-lo no Brasil) , a incerteza dá-se quanto a compatibilidade dos produtos, que tendo origens diferentes é, provável, que sejam similares, mas não iguais, pondera a Anvisa.


Trocando em miúdos: a vacina Oxford é fabricada na Índia e não na Inglaterra, como sugere o nome veiculado pela imprensa e, não são iguais, mas, talvez, similares.
As vacinas também usam tecnologias diferentes; o método utilizado na fabricação da Coronavac, usa um vírus inativo, isto é, morto, para estimular a resposta imunológica do organismo.
Já a vacina de Oxford/Astrazeneca/Serum utiliza como método uma técnica mais nova, que consiste em fazer uso de um outro vírus, que também não se replica, mas neste caso está vivo e é modificado em laboratório, para carregar informações genéticas da proteína do coronavírus e assim, também produzir a resposta imunológica.

E para além destas diferenças biológicas e tecnológicas na produção das duas vacinas; há outra, de ordem política.


Enquanto a vacina de Oxford está associada a Bolsonaro, que, inclusive, teve que amargar o cancelamento da viagem de um avião incumbido de buscar, na Índia, 2 milhões de doses, da vacina de Oxford; a Coronavac, associa-se a Doria, que já assume de forma oportunista, ares de um triunfalismo asqueroso, pois, por detrás de sua falsas palavras em nome da vida e da democracia, escamoteia um ditador que saiu do armário, quando por conveniência eleitoral apoiou Bolsonaro e o abandonou, quando esta conveniência assim o exigiu.

Desta maneira, sabe-se que não apenas Doria, mas também Bolsonaro, não atuam para proteger as pessoas; eles agem com segundas e terceiras más intenções e, cada um, a seu modo, buscará tirar proveito eleitoral, do fato das vacinas estarem disponíveis,pois, pretendem amealhar votos em 2022; e nunca é demais perguntar: e você, que será vacinado, também estará imunizado contra demagogos e autoritários?


No caso de Doria, o atual Governador de SP, ele acelerou e já iniciou seu negócio, seu marketing pessoal, que busca consolidar sua trajetória rumo ao Palácio do Planalto, desde que abandonou a Prefeitura de São Paulo(não esquecemos deste detalhe de sua sede de poder)João Doria transformou em um evento a primeira dose de Coronavac dada hoje, no Hospital das Clínicas; fez até um vacinômetro, que irá contabilizar as doses.
E já com a cabeça no Planalto, sentenciou:

“Hoje, repito é o dia V. É o o dia da Vacina. É o dia da Vitória. É o dia da Verdade. É o dia da Vida”

Também afirmou que neste domingo se dera:

“O triunfo da ciência, o triunfo da vida, contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte ao invés do valor e da alegria da vida”, disse ainda “Hoje foi uma vitória importante, a vitória da vida. Que sirva de lição para os negacionistas, para os que não têm amor no coração, para os que desprezam a vida, que se distanciam de um país que sofre com a morte”, e afirmou “É a vitória da vacina, da democracia, que sirva de lição para quem flerta com a morte.”

João Doria, a qualquer custo, busca se credenciar para 2022 e vai arrastar atrás de si, muitos incautos com a polarização política, que pretende fazer girar ao redor da extrema-direita e direita que, aliás, pretende representar, valendo-se, para tanto, de toda demagogia que for capaz de elaborar para atender seu projeto pessoal de ser Chefe do Executivo.


João Doria ainda tentará, para se viabilizar, apresentar-se junto à sociedade, à esquerda e demais forças progressistas, como o mal menor, já que é só de direita.

Mas, não nos iludamos com as frases de efeito, presentes ou futuras de João Doria.

Ninguém trabalhou tanto contra São Paulo, quanto este tunaco cínico e que, com certeza, prestaria também um monumental desserviço ao país, endossando um neoliberalismo tão feroz, quanto o do extremista Bolsonaro.


Aliás, João Doria, chegou a dizer em entrevista, que os integrantes de movimentos sociais de ocupação de prédios em São Paulo, eram bandidos e como tal seriam tratados.Tão asqueroso e detestável quanto Bolsonaro. Eles são faces da mesma moeda.


E agora, na maior cara de pau, João Doria faz pose de bom moço, adoça o verbo e diz que ao disponibilizar a vacina, age: em nome da vida, da democracia e do amor.


Penso que se deve denunciar este lirismo oportunista de João Doria adornado com as flores românticas e demagógicas de seu autoritarismo, de novo, camuflado; mas, sabendo-se que as vacinas já tem seus “donos”, deve-se elucidar o povo sobre este proveito imoral que querem tirar das imunizações, para que, nas urnas, não se tenha que ver o povo iludido ou obrigado, a optar entre:

Coronavac (45)
ou Oxford (17).

Até porque, para combater-se o vírus letal dos autoritarismos explícitos ou implícitos, a vacina, chama-se: PT(13).

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro. Integrante do Democracia e Luta. Coordenador do Comitê Popular Antifascista Ponte Rasa Pela Democracia e Lula Livre

Imagem de destaque apenas ilustrativa | Reprodução: Internet

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