O vereador Andrea Matarazzo (PSDB), coordenador da campanha de Aécio Neves na cidade de São Paulo, chamou o colega José Police Neto (PSD) de “vagabundo” e disse que a CPI da Sabesp não vai dar em nada.
Foi antes do depoimento de Dilma Pena, a presidente da Sabesp, a quem Matarazzo chamou de “nossa Dilma” e “Dilma do bem” diante de colegas.
Os comentários do tucano foram registrados pelo sistema de som, que estava aberto enquanto os profissionais da TV Câmara ajustavam os últimos detalhes para transmitir o depoimento de Dilma.
Aberta por requerimento do vereador Laércio Benko (PHS), a CPI apura se a Sabesp está cumprindo o contrato de fornecimento de água para a cidade de São Paulo.
À época da aprovação da CPI, Benko explicou:”A cidade vive uma crise hídrica há meses. O objeto da comissão é investigar porque o contrato assinado pela Prefeitura e a Sabesp não está sendo cumprido, já que muitos moradores de São Paulo têm relatado que não estão recebendo água, e essa era obrigação da Sabesp”.
O depoimento de Dilma Pena, iniciado na semana passada, é o ponto alto da CPI. Acontece num momento em que o “racionamento branco” implantado pela Sabesp chegou a regiões nobres da cidade, como a Vila Madalena, Jardins e pontos da avenida Paulista. Inicialmente, a falta de água afetou bairros da periferia, especialmente nas madrugadas.
Durante a conversa que antecedeu sua fala, a presidente da Sabesp parecia nervosa. Foi tranquilizada por Andrea Matarazzo, que sentou-se ao lado dela: “Isso aqui não tem a menor consequência”, disse Matarazzo.
“O Nabil vai querer fazer teatro, o Tripoli vai querer fazer teatro”, afirmou.
Nabil é Nabil Bonduki, do Partido dos Trabalhadores. Tripoli é Roberto Tripoli, do PV.
Dilma quer saber “onde eles estão”. Ela e Matarazzo notam a presença, na bancada onde se sentarão os integrantes da CPI, do vereador José Police Neto, do PSD.
“Police é vagabundo”, diz Matarazzo. “Ele é muito sem vergonha. A gente ajudou ele tanto e ele jogou os pés no nosso peito”, diz Dilma, sem especificar como foi a “ajuda”.
Curiosamente, como se vê no frame abaixo, minutos depois Police cumprimentou Dilma Pena. Os dois até trocaram beijo.
Ao longo da conversa com Dilma Pena, embora tenha revelado desprezo pela CPI, o vereador tucano queria saber de Dilma Pena se a Prefeitura de São Paulo está economizando água tanto quanto deveria.
Aparentemente, buscava munição para defender o PSDB.
Os tucanos são acusados de terem priorizado os lucros dos acionistas da Sabesp, em vez de gastar o dinheiro fazendo os investimentos que poderiam ter evitado a falta d’água em São Paulo.
No trecho gravado que exibimos acima, Andrea Matarazzo — que foi secretário municipal do governo de Gilberto Kassab, uma das principais lideranças do PSD — deixou bem claro o que pensa dos colegas.
“Dilma, vai por mim. Não se impressione, esquece. Eu vim aqui quando estava na prefeitura só para provocar os Tatto, para dar gritaria aqui” — numa referência aos irmãos petistas que são uma força política na periferia de São Paulo.
“Lembra que você sabe muito mais que eles”, disse Andrea Matarazzo a Dilma, “e é bem mais séria que todos eles”.
Fonte: Blog Vi o Mundo