O presidente Jair Bolsonaro continua a sabotar deliberadamente o combate à pandemia, apesar da gravidade da crise. Em meio a um novo aumento do número de casos e da notícia de que quase 7 milhões de testes estão encalhados e prestes a vencer, reportagem da ‘ Folha de S. Paulo’ desta quarta-feira (25) revela que o governo federal deixou de executar, sistematicamente, verbas para o combate ao surto. Os dados foram obtidos a partir de um relatório da Câmara dos Deputados.
O levantamento confirma as denúncias que as bancadas do PT no Congresso vêm fazendo desde o início da crise, ao lado de órgãos como o Conselho Nacional de Saúde (CNS), de que há em curso uma política deliberada para deixar o vírus avançar pelo país.
De acordo com a reportagem, em pouco mais de oito meses de pandemia, Bolsonaro “deixou de gastar dinheiro reservado para contratar médicos, reestruturar hospitais, comprar testes de Covid-19 para presídios e fomentar agricultura familiar para doação de alimentos”.
“Alguns ministérios não usaram nada da verba liberada para combate a Covid, apesar da urgência da crise”, criticou o senador Humberto Costa (PT-PE). “Bolsonaro fecha os olhos para o que está acontecendo no planeta”. Ainda segundo o jornal, a consultoria de Orçamento da casa apontou pelo menos dez ações do governo que deixaram de ser implementadas, apesar da abertura imediata de créditos extraordinários dentro do orçamento de guerra, utilizados por meio de Medidas Provisórias.
De acordo com o relatório da Câmara, que compilou dados até o dia 20 de novembro, apenas 4,6% da verba de contratação de 5 mil profissionais para atuar nas áreas críticas no mapa da pandemia foi gasto desde maio, quando a MP liberou o gasto. “A pasta [da Saúde] ficou autorizada a gastar R$ 338,2 milhões com a medida. Os pagamentos feitos não chegaram a R$ 16 milhões”, relata a ‘Folha’.
“Na justificativa da MP, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou que os gastos se restringiriam ao período de calamidade pública”, noticia o diário. “O texto deixou de ser apreciado pelo Congresso e perdeu a eficácia em setembro”.
Bancada do PT cobra por testes encalhados
Os senadores Rogério Carvalho (SE) e Humberto Costa criticaram o descaso do governo Bolsonaro com a população em meio à pandemia e com o dinheiro público no caso dos 6,8 milhões de testes de Covid-19 abandonados num armazém do aeroporto de Guarulhos e que perderão a validade entre dezembro deste ano e janeiro de 2021.
“Passados mais de sete meses que a pandemia de Covid-19 atingiu o País, com quase 170 mil vidas perdidas, o Ministério da Saúde está com cerca de 7 milhões de testes para detecção da doença em um armazém” afirmou o líder da bancada no Senado. “Testes esses que estão prestes a vencer”, criticou Carvalho.
O Ministério Público pediu, nesta segunda-feira (24), que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue o caso. A representação é assinada pelo subprocurador-geral Lucas Furtado, que alerta para o “enorme prejuízo iminente, não só para o erário, mas sobretudo para o atendimento público de saúde no Brasil”.
“Pergunta pro vírus”
Nesta semana, o país chegou à marca de mais de 170 mil mortes por coronavírus. Demonstrando mais uma vez que não liga para a vida humana e para a saúde do povo brasileiro, Bolsonaro zombou da gravidade da crise. Indagado sobre a possiblidade de o auxílio emergencial ser prorrogado em virtude da crise sanitária, respondeu: “pergunta pro vírus”
“Irresponsável”, reagiu Humberto Costa. “É assim que Bolsonaro trata os brasileiros desde o início da pandemia. Fazendo piada com os milhares que morreram. Não é à toa que o presidente foi considerado o garoto propaganda da COVID-19. Inescrupuloso”, denunciou Costa.
Da Redação