BERNARDO MELLO FRANCO
Aliados do prefeito Gilberto Kassab (PSD) na Câmara Municipal de São Paulo iniciaram uma operação para tentar barrar a construção de um museu do Instituto Lula em terreno público no centro.
O prefeito ofereceu a área em fevereiro, quando ainda ensaiava apoiar Fernando Haddad (PT) para sucedê-lo.
Líderes de oito partidos que apoiam Kassab assinaram uma proposta que destina o terreno a um museu com o mesmo nome, Memorial da Democracia, mas sem vinculação com o Instituto Lula.
A ideia foi endossada por vereadores de PR, PV, DEM, PPS, PTB, PSB, PP e PRB.
“Um terreno público avaliado em até R$ 20 milhões não pode ser doado para exaltar Lula. Ele deu sua contribuição, mas não é o pai da democracia brasileira”, disse Gilberto Natalini (PV), ex-preso político e autor do texto.
O PSDB não assinou a proposta, mas o líder Floriano Pesaro já apresentou voto em separado contra a cessão da área, que considera ilegal.
O líder do governo, Roberto Tripoli (PV), foi procurado ontem, mas não respondeu.
DESCONFIANÇA
Embora o PSD mantenha o apoio à oferta do terreno ao Instituto Lula, petistas temem que Kassab tenha “se arrependido” ou decidido voltar atrás após anunciar que se aliará a José Serra (PSDB).
Apesar do apoio formal do prefeito, a Câmara tem adiado a votação do projeto que cede a área por 99 anos desde a semana passada, por falta de acordo para aprová-lo.
“O museu vai contar a história da democracia, não do PT. Não vamos deixar que transformem isso numa disputa política para desgastar o ex-presidente Lula”, disse o líder do PT, Chico Macena.
O Instituto Lula afirma que o memorial será apartidário e homenageará a luta coletiva pela redemocratização do país, além de abrigar o acervo do petista na Presidência.