Água é questão primordial no Dia do Meio Ambiente
O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quinta-feira, 5 de junho, é um momento mais que oportuno para discutir a situação do abastecimento de água na cidade de São Paulo e na região metropolitana. É sabido que enfrentamos o verão mais seco dos últimos 80 anos, o que levou à redução contínua dos níveis dos reservatórios do sistema Cantareira e também de outros mananciais do Estado.
Diante da situação, o Governo do Estado criou um bônus para incentivar a redução do consumo e também anunciou uma multa para quem aumentasse seu gasto, em uma tentativa de penalizar o usuário ao invés de apresentar soluções para a crise. Mesmo assim, os níveis não param de baixar e as chuvas não têm sido suficientes para equilibrar essa relação.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o Governo do Estado realizaram obras emergenciais para utilizar o volume morto dos reservatórios, que fica abaixo da captação e que nunca havia sido usado no abastecimento dos cidadãos, com custo de R$ 80 milhões aos cofres públicos. A população questiona a qualidade desses recursos, enquanto já há casas recebendo água suja em suas torneiras.
E agora, as últimas notícias indicam que essas reservas do Cantareira, na pior das hipóteses, vão durar até outubro, o que é muito preocupante para a região metropolitana.
Ao mesmo tempo, moradores de diversos bairros da Capital, em especial nas periferias, vêm passando por momentos frequentes de falta d’água e afirmam que suas regiões estão enfrentando revezamento no fornecimento, mesmo com as negativas da Sabesp e do governador Geraldo Alckmin.
Por isso, é pertinente colocar na ordem do dia o debate sobre o planejamento do abastecimento para uma cidade como São Paulo e sua região metropolitana. Os governadores paulistas dos últimos 20 anos não tiraram do papel ações para prevenir problemas de desabastecimento e de estresse hídrico, como o que enfrentamos agora.
Até o momento, o governador e a Sabesp parecem contar demais com as chuvas do final do ano. E se as condições de seca se repetirem no próximo verão? Assistiremos a todos os nossos reservatórios secando, mesmo com a população tentando reduzir seu consumo?
Quais ações o Governo do Estado poderia já ter adotado – e ainda pode colocar em prática – para minimizar o problema de falta d’água: incentivar ações de reuso? Realizar obras para captar chuvas em outros locais? Buscar águas de outros mananciais?
São muitas questões. E até o momento, a realidade é que cidadãos estão com suas torneiras secas, preocupados com a qualidade da água do volume morto, enquanto o governador e a Sabesp apenas esperam a próxima temporada de chuvas, depois das eleições de outubro.
Em tempo: a Central Única dos Trabalhadores (CUT) promove um ato para esclarecer a população sobre a crise de abastecimento e denunciar o descaso do governo estadual com a falta de investimentos no setor, hoje a partir das 9h, com concentração na Estação Pinheiros do Metrô.
Paulo Fiorilo, vereador de São Paulo e presidente do Diretório Municipal do PT.